Se você gostaria de sentir a sensação de conhecer outros mundos, a dica é o jogo No Man’s Sky, da produtora independente britânica Hello Games, pois o game te coloca no papel de um explorador espacial cujo objetivo é explorar e sobreviver nos ambientes mais inóspitos e selvagens de centenas de milhares de planetas. Repetindo: centenas de milhares de planetas que você pode explorar!

O macete é que o universo explorável em No Man’s Sky é o maior que você já viu ou vai ver em qualquer jogo eletrônico: são cerca de 18.446.744.073.709.551.616 (18 quintilhões) de planetas, cada um com sua própria flora e fauna. Assim que você começa uma partida, o jogo te dá uma nave nos limites da galáxia e a partir dali você é livre para ir onde quiser, sem um objetivo definido. Para os céticos em relação ao tamanho do universo da Hello Games, Sean Murray, gerente de projetos, afirmou: “O jogador levará cerca de 100 horas para ir de uma ponta a outra da galáxia.”

Ainda de acordo com o produtor, No Man’s Sky é o jogo mais longo da história, com cerca de 580 bilhões de anos para ser explorado completamente. Então mesmo se você for do tipo que gosta de descobrir tudo sobre um game, você jamais viverá o bastante para ver tudo que o game tem a oferecer.

Imagine-se indo do Brasil até o Canadá a pé. Agora imagine tentar explorar algo do tamanho de Kepler-10c, planeta rochoso que possui 17 vezes o tamanho da Terra. As chances de que alguém consiga explorar todos os planetas do game são absolutamente nulas.

A esta altura você deve estar se perguntando como os desenvolvedores criaram tantos planetas, se nem mesmo os jogadores unidos conseguiriam explorá-los? A resposta é complexa, mas óbvia para qualquer profissional ligado à matemática: os mundos do jogo são gerados processualmente pelo computador, ou seja, os cenários são gerados automaticamente por meio de cálculos que dizem o que o console deve mostrar assim que o jogador se aproxima, criando mundos variados e únicos. Quais as chances de isso gerar planetas repletos de bugs? Iremos descobrir quando o jogo sair...

Ainda que existam tantos milhões de planetas, nenhum deles é gerado ao acaso: todos obedecem a leis da física, previamente inseridos no código do jogo. Um planeta mais próximo de sua estrela tende a ser mais quente e desértico do que aqueles mais afastados, que consequentemente são frios e inóspitos. Além disso, formas de vida somente poderão ser encontradas nas chamadas Zonas de Goldilocks, termo utilizado na astronomia para designar as áreas do universo em que a vida pode se formar sem os efeitos inconvenientes da radiação solar.

Inicialmente, as características do universo do jogo foram construídas em um processador de 32-bit, mas a complexidade do game obrigarou os produtores a trocar para um processador de 64-bit. Esta mudança não apenas contribuiu para tornar o projeto muito maior, mas também elevou as possibilidades online, de modo que há funções que permitem aos jogadores compartilharem detalhes de seu planeta com toda a comunidade de usuários.

Sim, foi isso que você leu: seu planeta! Se você chegar a um planeta jamais visitado por qualquer outro jogador, você ganha o direito de batizá-lo. Temos certeza que isso vai gerar piadas escatológicas e grosseiras para quem chegar a esses lugares primeiro, faz parte do próprio conceito do projeto. Imagine chegar a um mundo de outro jogador e receber uma mensagem de boas vindas tipo “Você chegou em Onde Judas Perdeu as Botas!” Claro que estamos pegando leve e sendo razoáveis, pois na prática as brincadeiras serão mais “pesadas”.

O mesmo vale para formas de vida recém-descobertas. Quer homenagear sua sogra quando vir uma criatura extremamente medonha? Eis sua chance.

Antes de chegar a um planeta, você deve travar um combate aéreo à la Star Wars contra sentinelas espaciais que defendem os recursos naturais desses mundos. E mesmo se conseguir passar por eles, pode ser que existam mais sentinelas rondando o planeta em busca de infratores. Algumas atividades realizadas pelo jogador alertam essas sentinelas, que protegem a vida e os recursos dos seus planetas, de forma que é necessário ter cautela antes de coletar plantas ou matar animais.

As sentinelas possuem inteligência aguçada e não medem esforços para deter o jogador, gerando momentos de muita tensão. Nessas ocasiões, é aconselhável não partir para o confronto aberto, mas sim esconder-se e fugir sorrateiramente.

A coisa muda de figura se animais selvagens atacarem o jogador primeiro: nesses casos, é permitido revidar os ataques sem que os robôs tentem te destruir. Há planetas tão isolados que nem mesmo as sentinelas conseguem chegar, de modo que o jogador pode “tocar o terror” sem consequências mais sérias.

Além das sentinelas, há criaturas carnívoras que perseguem o jogador de forma insistente. Se você for visto por uma dessas formas de vida hostil, terá de batalhar por sua vida da melhor maneira que for possível, mesmo que isso signifique fugir. O problema é que alguns predadores são privilegiados pelas condições climáticas de seus respectivos planetas - como as enormes larvas carnívoras que habitam planetas desérticos ou os monstros abissais que vivem em planetas de água. Será necessária muita sorte e perícia para sobreviver em alguns ambientes. Para ajudar o jogador, existe um sistema de crafting que permite construir ferramentas, armas e naves através dos recursos e projetos encontrados durante a jogatina.

A meta principal do game é chegar ao centro do universo, mas a tarefa não é das mais fáceis, pois algumas áreas da galáxia somente podem ser acessadas por naves desenhadas especificamente para determinados ambientes. Deste modo, jogador ficará muito tempo ocupado vendendo, comprando e trocando recursos para melhorar a nave, além de adquirir mais combustível.

Cada jogador terá sua própria experiência de jogo, então alguns irão considerar o título repetitivo e chato. Já outros players encontrarão tantas coisas para se fazer que considerarão este o derradeiro fim de suas vidas sociais.