Três anos de desenvolvimento e uma comunidade de fãs
forte: Project Cars foi criado desde o primeiro minuto
para oferecer belos gráficos e uma jogabilidade mais realista. O
ronco dos motores impressiona, os reflexos do carro em uma pista
chuvosa nos deixam de boca aberta - mas não sem os seus
problemas.
O game foi feito com o PC em mente. Dos menus à
personalização de controles, tudo fica mais fácil ao usar o mouse.
Nos consoles, os menus às vezes atrapalham a diversão,
especialmente quando não apontam exatamente para onde o jogador
deve clicar para voltar uma janela ou alterar uma configuração.
A jogabilidade fica em um meio termo entre arcade e
simulação. Não tão realista quanto os mais poderosos simuladores do
PC, nem tanto Need for Speed. O resultado é muito bom de
se jogar no volante, mas não no controle. Ao jogarmos com o Dual
Shock 4, só conseguíamos controlar os carros mais potentes com as
assistências e com o controle de tração ligados.
Há uma quantidade de parâmetros que podem ser
ajustados no controle, muito mais do que outros jogos no mercado -
mas infelizmente o que a Slightly Mad coloca como padrão está longe
do recomendável. Perdemos horas para tentar chegar a uma
configuração na qual conseguíssemos ter um controle relativamente
bom do carro e desligar algumas assistências. O mesmo não foi visto
ao jogar com o volante, que de cara já conseguíamos nos sair muito
bem.
O maior atrativo para quem for optar para jogar um
jogador é o modo carreira que, ao contrário de títulos como
Gran Turismo, exibe grande flexibilidade para o jogador.
Você pode começar da primeira etapa, corrida de karts, ou ir direto
para os poderosos carros de Fórmula C. A escolha é sua. Essa
mudança nos deixou feliz, já que nem sempre queremos ficar presos a
um único carro porque não “subimos de nível” em uma categoria.
Project Cars libera tudo. Mais jogos deveriam fazer isso
ou pelo menos oferecer essa opção.
A carreira em si é linear: treine na pista, consiga
sua classificação, ganhe convites para eventos especiais e vença o
campeonato. Ele chega a simular a ideia de que o jogador tem um
calendário a cumprir, uma equipe que o contratou, mas, no fundo,
são interfaces sem real impacto. Perder corridas resultam apenas em
um e-mail irritado do líder da equipe.
Uma carreira dessas seria mais divertida se tivesse
conseguido trazer a sensação de fazer parte de uma equipe. É um
problema recorrente em Project Cars, parece que é algo “a
mais” e nunca é. Com exceção da simulação e dos gráficos; todo o
resto é superficial quase que inacabado.
O mesmo se pode ver na seleção de carros, que além de
ser pequena, apenas uma meia dúzia dos mais de 70 carros que são
realmente divertidos de controlar seja no volante ou no controle.
Alguns ainda sofrem com bugs na direção ou se comportam de maneira
estranha.
É inegável que Project Cars é belíssimo, da
modelagem dos carros aos detalhes da pista, tudo parece ter sido
feito com grande cuidado. Mas isso tem um preço nos consoles:
problemas de desempenho em certas corridas. Basta a primeira gota
de chuva tocar no chão que víamos a versão de PS4 cortar a taxa de
quadros quase que pela a metade, o que pode prejudicar as
corridas.
Project Cars é um jogo divertido se você,
por acaso, decidir jogá-lo no PC, com um volante. A queda na taxa
de quadros na versão consoles, em conjunto com os péssimos
controles que precisam de sérios ajustes, fazem com que
Forza ou Gran Turismo se tornem opções mais
atraentes para fãs da Sony ou Microsoft.
(Lucas Moura)