09/02/2021

Redação Games4U

Gods Will Fall é divertido, mas sem profundidade

Xbox One, PS4, PC, Outros, Nintendo Switch 

Gods Will Fall é um daqueles jogos que resumem com perfeição o conceito de “diversão despretensiosa”. Essa aventura celta consegue nos inserir dentro de uma empolgante aventura que traz um bem-vindo toque de originalidade, embora apresente problemas que a impedem de ser uma jornada memorável ou mesmo marcante para o jogador. 

A aventura começa quando o destino reúne um grupo guerreiros, vindos de diferentes tribos que declararam guerra a deuses malignos que antes as subjugavam. Ao chegarem a misteriosa ilha que abriga estas entidades, os heróis devem adentrar nos domínios de seus inimigos e derrotá-los.

O game tem uma estrutura simples: você pode vagar livremente pela ilha e enfrentar os deuses que habitam ela na ordem que quiser. Basta ir até o covil da divindade e escolher o herói da sua preferência. Apesar de simples e direto, no entanto, este sistema traz tons de muita complexidade e tensão: se você for mal-sucedido em sua empreitada, as consequências podem colocar você em maus lençóis. 

Se o seu guerreiro for derrotado enquanto explora os domínios de um deus, ele ficará preso naquele estágio até que um dos seus companheiros derrote a divindade que reina naquele local.

Este é o elemento central do game e que rege toda a experiência que Gods Will Fall quer proporcionar a começar pelo fato dele punir e recompensar o jogador na medida certa. Apesar de você perder temporariamente os seus heróis toda vez que eles forem subjugados em uma fase, por outro lado, cada visita a um estágio trará mais informações sobre aquele lugar que caminho seguir, como seus inimigos se comportam e outras dicas que o deixam mais perto de superar o desafio com outro combatente. 

Assim, cada derrota faz com que a tensão aumente, já que você tem apenas sete heróis e assim, sete chances de superar uma fase. Porém, cada passagem pela masmorra o deixa mais perto de vencer aquele desafio, já que sabe mais sobre como ele funciona.

Isto também faz com que a escolha do combatente se torne mais importante. Cada um dos sete heróis tem características próprias, sendo alguns mais fortes e lentos, enquanto outros são mais fracos e ágeis. Conforme você passa a adentrar os covis das divindades malignas para enfrentá-las, você também passa a conhecer as habilidades de cada guerreiros. 

Mas o ponto mais interessante desta a dinâmica de perder e ter que lutar para recuperar seus guerreiros está na narrativa que o próprio jogador irá construir ao longo de sua jornada. Ver um de seus heróis cair diante de um deus pode ser um golpe duro a ser superado, inclusive para os outros membros do grupo, que caem em desespero toda vez que as portas de uma masmorra se fecham, sem que seu amigo volte. 

Embora você tenha a opção a ir para um novo estágio e voltar aquele ponto mais tarde, todo o contexto desta jornada faz com que você sinta a obrigação de salvar seu guerreiro caído. É uma “brincadeira psicológica” que tem sua recompensa, pois ver seu herói deixar uma masmorra vitorioso e com os companheiros resgatados é sempre muito satisfatório. 

É esta dinâmica que faz com que você crie pequenas narrativas durante o game e se afeiçoe mais a alguns personagens, escolhendo seus protagonistas favoritos, mas também valorizando outros combatentes que tiveram seus momentos heroísmo. 

O título também ampara essas narrativas individuais, já que o desempenho de um herói numa fase pode aumentar ou diminuir seus status, algo que também ajuda a construir pequenas histórias dentro do jogo. 

Uma pena que nossa jornada pelas fases seja resumida unicamente em descer a porrada em tudo que ousar se mexer em nossa frente. O game usa um sistema de combate simples, mas eficiente, com um ataque forte e um fraco, além de um botão de esquiva que também quebra a guarda do oponente se usado no momento certo.

É um sistema de combate limitado, mas que acaba sendo divertido pela forma como o game nos obriga a pensar antes de atacar. É mais vantajoso entender o tempo de ataque de cada adversário, para sair da zona de ataque ou quebrar sua guarda, do que simplesmente esmagar os botões de ataque.

Apesar de divertido, é um pouco frustrante que a estrutura desse título seja limitada a apenas andar e bater em alguém, principalmente num game que conta com um design artístico tão envolvente. 

Os ambientes são ressaltados por um ótimo sistema de câmera, que além de oferecer bons ângulos de visão dos personagens, também valoriza o design dos cenários ao mostrar áreas distantes ou pontos longínquos por onde você já passou ou vai visitar. Isso passa a impressão de que aquele lugar é realmente um universo muito maior do que aquela pequena porção por onde você passa.

São qualidades desperdiçadas pela falta de profundidade presente em Gods Will Fall. Não existe qualquer tentativa de aprofundar a mitologia do universo no jogo, nem mesmo um textinho solto no meio das fases que conte algo interessante sobre aquele ambiente ou seu deus.

Não que simplesmente vagar pelos estágios com o objetivo de bater em tudo que se mexa seja um problema, afinal, existem grandes franquias que são baseadas neste elemento, como Diablo. Porém, o título da Blizzard entendia que era preciso oferecer mais ao jogador, incluindo uma história bem escrita e itens que incentivem a exploração dos cenários. 

Mas o game não se preocupa com isso e nem mesmo incentiva a exploração das suas masmorras, pela forma aleatória como seus itens são simplesmente espalhados pelos estágios. 

No final, Gods Will Fall é como um bolo que é servido assim que tirado do forno: ele é gostoso, mas se tivesse um recheio, uma cobertura e fosse oferecido com uma xícara de café, ele deixaria de ser apenas um bolo para se tornar uma experiência alimentar muito mais interessante e atrativa. 

O jogo foi lançado oficialmente em 29 de janeiro de 2020 para PC, Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One/S/X e Google Stadia.

(Rafael Barbosa)

 

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