29/09/2020

Redação Games4U

Humor negro de 1991 é o segredo do novo Battletoads

Xbox One, PC 

A volta de Battletoads foi uma agradável surpresa para mim. O primeiro jogo da franquia, lançado em 1991 é um dos grandes clássicos dos games, e se tornou celebre por ser tão cheio de personalidade, quanto por sua mecânica arrojada, que levava o jogador por uma série de fases com desafios variados.

Mas, apesar de a série tentar seguir em frente com algumas continuações, ela nunca conseguiu impactar os jogadores como no primeiro título, fazendo com que a franquia rapidamente caísse no ostracismo. E lá permaneceu por 26 anos. 

A nova aventura de Pimple, Rash e Zitz chega como uma reformulação completa da série e acerta justamente por propor um novo formato para a saga, não renegando os elementos que tornavam as aventuras da década de 1990 marcantes, mas inserindo-as numa nova roupagem mais moderna e engraçada.

Sob a tutela da Dlala estúdios e a supervisão da Rare, o novo Battletoads deixa de lado a premissa de “heróis f...” e o caráter um tanto marrento que marcou os títulos anteriores - e que simplesmente não se encaixam mais nos padrões atuais. A época em que poderíamos levar a sério uma aventura em que sapos alienígenas lutam contra uma rainha das trevas ficou no passado e o novo título abraça a maluquice deste argumento para a transformar no centro de sua experiência. 

Com um estilo de arte mais quadrado e colorido, que lembra muito a “vibe” da série Teen Titans Go, a aventura entra num ritmo leve e despretensioso enquanto acompanhamos a jornada do trio de protagonistas para tentarem se tornar famosos novamente. Com animações bem produzidas (apesar de simples), o jogo tira sarro da própria irrelevância da série como ponto de partida para fazer gozação com tudo e todos - sejam eles protagonistas, vilões ou coadjuvantes. Ninguém escapa de protagonizar uma piada ou ser alvo dela. 

Porém, o roteiro do game é inteligente o suficiente para usar seu humor para dar profundidade aos seus personagens e dar mais substancia ao seu universo, mostrando diversos aspectos dos seus heróis e sobre o mundo em que vivem, elemento que abordei de forma mais aprofundada no vídeo que fiz sobre o título. O resultado é um game que esbanja carisma e que consegue ser um tanto boboca, mas ainda sim genuinamente divertido e interessante, pois encontra entre suas brincadeiras infantis o espaço para da profundidade a seus personagens e também para tirar sarro de alguns assuntos mais polêmicos, o que sempre dá uma apimentada nas coisas. 

Mas claro que as piadas não poderiam ficar exclusivamente no roteiro de Battletoads e elas também são levadas ao seu gameplay, num beat'n'up que leva o nonsense às alturas enquanto ainda consegue ser competente em sua execução.

Temos uma série de movimentos ao nosso dispor e além de golpes e especiais que se propõe a ser poderosos e também divertidos de serem vistos, podemos dar um Dash para desviar de ataques, puxar os inimigos para perto, prende-los no chão por alguns instantes e desarmar suas defesas com ataques especificos.

Elementos que trazem uma série de variedades as batalhas, que se transformam em ringues malucos e cheios de possibilidades que sempre seguem um bom ritmo de ação, com combates rápidos que nos colocam sempre em movimento pelos estágios, trazendo um bom dinamismo a aventura.

Uma pena que o jogo perca a oportunidade de fazer esta experiência ser ainda mais interessante ao não investir num nível dificuldade balanceado. O game tem excesso de check points e, embora os inimigos possam causar uma boa quantidade de dano, quando um personagem é derrotado ele pode voltar a ação em poucos segundos, fazendo com que seja muito difícil de morrer no game.

Faltou a esta aventura um nível de desafio que o obrigasse a jogador utilizar seus recursos de forma mais competente, o que tornaria o fato de vencer horas de inimigos em uma experiência não só divertida, mais também recompensadora. Na verdade, a falta de balanceamento é o calcanhar de Aquiles deste novo Battletoads, já que ele está presente em diversos outros aspectos da sua campanha.

O game faz jus ao legado da franquia ao trazer diversos estágios e minigames que mudam a dinâmica da aventura e tornam o gameplay variado e muitas vezes divertido. O problema é que eles são pessimamente divididos entre os estágios, colocando o jogador pelo primeiro terço da campanha no modo beat'n'up para depois simplesmente esquecem este estilo de jogo.

Deste modo, passamos uma boa parte do game numa sucessão de minigames e novos estilos, que muitas vezes se arrastam mais do que deveriam (como o desafio usado para concertar a nave dos heróis) ou continuam a pecar ainda mais pela falta de desafio, como os estágios em que jogamos apenas com Pimple.

Battletoads se preocupa demais em várias seu gameplay e no processo esquece de dar destaque ao que faz de bom. Um problema que gera uma aventura de muitos altos e baixos, mas que ainda consegue divertir quem estiver segurando o controle, graças a bons momentos em sua jogabilidade e com sua história divertida de ser acompanhada. 

É um título que marca um bom retorno para uma franquia que passou tempo demais sumida do mundo dos games. 

Battletoads foi lançado em 20 de agosto último para PC e Xbox One, através da editora Rare.

(Rafael Barbosa)
 

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