Em uma das campanhas mais ambiciosas - e agressivas -, a Blizzard resolveu explorar um novo terreno: o dos FPS. Indo além da fórmula dos jogos de tiro exclusivamente online e bebendo da fonte de Team Fortress 2, a empresa usou sua expertise em criar enredos para fazer a diferença. Usando e abusando de outros meios - quadrinhos e curtas animados, para ser mais específico -, Overwatch teve sua Terra futurística demonstrada, além de dar pano de fundo aos personagens. No jogo, apenas o tiroteio desenfreado e os gritos de Ryuu Ga Waga Teki Wo Kurau!

Começando com uma transmissão de Winston, o conhecido gorila cientista da série, somos apresentados ao passado e o presente de Overwatch, convocando os personagens a novamente se tornarem heróis. A partir daí, sua carreira multiplayer começa após um curto tutorial, que ensina as habilidades básicas para jogar. Apesar de se dividir em três partes, ambas são bem rápidas, sem deixar nada de lado.

Overwatch demonstra desde o princípio a vontade de fazer o jogador se sentir incluso nas competições, dando dicas valiosas como auxiliando na composição equilibrada dos times, mas, ao mesmo tempo, dando liberdade para que os jogadores escolham quem quiser. Na descrição dos personagens, inclusive, há um nível de dificuldade em estrelas para o manuseio de cada um. O sistema, no entanto, acerta e erra em alguns momentos, então nossa recomendação é que tente todos algumas vezes para ver quais se adequam melhor ao mapa, às necessidades do grupo e qual a melhor situação para usá-lo.

Além do tutorial, a facilidade em sair jogando Overwatch é imensa. Mesmo para aqueles que torcem o nariz para usar controles em FPS conseguirão se adaptar com um joystick na mão, caso necessário. Claro que ser um ás não é assim tão fácil e o conceito de “fácil de jogar, difícil de ser tornar mestre” se aplica bem aqui.

Os personagens e locais de Overwatch são de brilhar os olhos e, mesmo com figuras tão diferentes entre si, nenhuma delas parece ser de fora daquele universo. Praticamente todos os elementos gráficos e artísticos do jogo exibem personalidade própria e é difícil não se encantar com essa “versão otimista do planeta Terra no futuro”.

A parte sonora é o grande destaque de Overwatch e elemento crucial no gameplay. A grande maioria das dicas do que fazer durante uma partida não estão na tela, mas nos sons emitidos pelo game. Uma das novidades é o uso da tecnologia Dolby Atmos, específica para headphones, permitindo que o jogador consiga identificar sons que vêm de alturas diferentes, além da posição. Considerando o ritmo acelerado das partidas e diversas habilidades que permitem alterar sua posição no mapa, ficou evidente que esta tecnologia era necessária para o sucesso do game.

A dublagem brasileira não fica nada atrás. Nenhum dos personagens dublados parece de “fora” do game. Como um jogo multicultural - com personagens de todos os cantos do mundo -, é natural que alguns tenham sotaque mais fortes que o outro. No entanto, até mesmo o personagem de sotaque mais forte não fica com aquela impressão de barra forçada - e sem apelar para estereótipos! Personagens mais sérios possuem falas condizentes com sua personalidade, assim como personagens menos pesados contam com falas hilárias, principalmente quando interagem com outros em uma partida.

Overwatch pareceu em princípio ser um tiro no escuro da Blizzard, no entanto, seu sucesso não vêm apenas do nome da produtora por trás ou por ter bom apelo com o público, mas por ter produzido todos os elementos que o compõem com maestria. Complementar o enredo do game em outras mídias foi uma decisão acertada, possibilitando à produtora trabalhar sem limites em sua narrativa, algo que não seria possível se tentassem incluir um modo campanha para um jogador ou coop.

Overwatch não é apenas um excelente jogo, mas possui potencial para atrair jogadores curiosos e se manter forte no mercado por alguns anos. A Blizzard aprendeu que, em um mercado que abunda os “mais do mesmo”, a criatividade é o que faz de boas ideias excelentes jogos.

Overwatch

Overwatch

Overwatch