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20/06/2018

Redação Games4U

God of War corrige erros do passado: é o melhor de todos!

RPG, Acao, Puzzle, Aventura, PS4 

Maturidade. Esta é a palavra me vem à mente quando penso neste novo God of War. O trabalho da Santa Monica Studios é um primor em diversos aspectos, uma junção de novos elementos com a evolução de tudo aquilo que a franquia do Deus da Guerra já nos apresentou e um jogo cujos acertos só foram possíveis devido aos erros cometidos no passado.

Kratos nasceu em uma época onde as desenvolvedoras pareciam competir para criar o herói mais bad boy, quando mocinhos como Mário e Link deram lugar ao jeito descolado e de poucos amigos de Dante (Devil May Cry), Kazuma Kiriu (Yakuza), Master Chief (Halo) e tantos outros. O guerreiro espartano é um fruto daquela era, mas com a diferença de ter sido idealizado para ser um dos anti-heróis mais profundos e dramáticos de sua geração.

A profundidade dos cenários impressiona na nova aventura de Kratos

Estamos falando de um homem que tem o maior erro de sua vida impregnado em sua pele, gerando um sentimento de culpa tão grande que o jogou em uma espiral de destruição que afetou não apenas ele, mas todo o mundo a seu redor. Não existem muitos personagens com uma história tão trágica e, infelizmente, tão mal aproveitada.

Apesar de toda carga dramática, o primeiro God of War ficou conhecido pela sua violência visceral, seus minigames de sexo e o estilo machão de seu protagonista uma imagem que as continuações fizeram questão de consolidar. O resultado é que temos um protagonista com quem facilmente antipatizamos por ter a força de 10 homens, mas a sensibilidade emocional de uma criança de cinco anos. Um personagem que podia fazer sucesso 10 anos atrás, mas que hoje parece apenas bobo e infantil, principalmente em uma época de figuras tão complexas e profundas como John Marston (Red Dead Redemption), Joe (The Last of Us) ou Aloy (Horizon Zero Dawn).

Por isso, trazer God of War de volta não era uma tarefa fácil. Ser “apenas” um jogo divertido não era mais suficiente. Para tornar a série novamente relevante, ela precisaria reformular o seu protagonista e o principal acerto deste título está justamente em utilizar os erros do passado de Kratos para compor sua nova persona, transformando seus conhecidos desvios de caráter e atos falhos em parte fundamental de sua nova jornada.

As cenas de batalha ficaram menos exageradas no novo game

Encontramos Kratos como um homem mais maduro e consciente dos atos horríveis que cometeu no passado. Um guerreiro que enfrentou seus demônios e agora tenta conviver com as cicatrizes desta batalha, enquanto tenta ensinar seu filho não apenas a sobreviver, mas a não cometer os mesmos erros que ele.

É uma tarefa que o guerreiro descobre ser incrivelmente difícil. O espartano não sabe como se conectar ao próprio filho e isso fica claro principalmente no começo do game, pela forma como ele se dirige ao pequeno sempre com ordens diretas e duras. Também fica claro nas cenas em que ele tenta tocar o rapaz e em seguida desiste da ação não porque tenha medo tocá-lo, mas porque não sabe o que dizer ao jovem naquele momento.

A conexão entre os dois se torna ainda mais difícil pelas diferenças brutais que existem entre Kratos e seu filho. Atreus é um rapaz doce e curioso, sempre disposto a ajudar os outros e desesperado em interagir com o pai, constantemente tentando provar-se e sentindo-se envergonhado quando mostra algum sinal de fraqueza ao homem que claramente admira. O que ele não percebe é que é justamente sua humanidade que o aproximam do guerreiro.

Kratos ama profundamente o próprio filho e o jogo faz questão de demonstrar isso desde seus primeiros momentos, mesmo que através de pequenos gestos como quando o vemos tratar gentilmente uma queimadura que garoto sofre. Mas é exatamente a dificuldade do Deus da Guerra em expressar suas emoções para o filho que torna os momentos de interação entre eles tão especiais.

"Filhão, obedece o paizão aqui porque castigo do Deus da Guerra não é moleza..."

No decorrer da aventura, vemos essa aproximação acontecer aos poucos e cada elo de conexão entre os dois é muito bem construído nas cenas cinematográficas e especialmente em diálogos mundanos, que estão sempre acontecendo enquanto exploramos o mundo.

O que torna a história deste novo God of War tão especial é a forma como ele insere um elemento muito humano em um mundo tão fantástico como o da Mitologia Nórdica, nunca perdendo o seu foco de contar a trajetória de um pai e um filho, que buscam se conectar um ao outro enquanto tentam cumprir o último desejo de um ente querido.

As aventuras de Kratos sempre foram graficamente muito competentes, porém este novo jogo traz diversas mudanças a elementos visuais que eram marcas registradas da franquia. Se antes víamos o espartano desbravando fortalezas e outras construções, sua nova jornada envolve principalmente a exploração de ambientes naturais, como cavernas, grandes lagos e montanhas, deixando de lado a escuridão opressora do passado e levando esta aventura para a luz do dia.

A natureza é a grande inspiração para as ambientações deste jogo e, embora visitemos alguns locais que outrora foram grandes reinos, estes pontos agora se encontram em ruínas, o que traz um aspecto de degradação e isolamento, passando a sensação que seus protagonistas estão sozinhos no mundo e, assim, que só têm um ao outro.

God of War (trailer dublado em português)

Redação Games4U

God of War (trailer dublado em português)

O nível de detalhe presente nas paisagens é impressionante e não há como não ficar admirado com a ambientação deste game, com seus grandes campos imponentes e vastos. Podemos não explorar toda a extensão que vemos diante de nossos olhos, porém o game consegue transmitir toda a beleza e grandiosidade do mundo ao nosso redor, tornando o simples ato de andar e apreciar a ambientação do game em algo prazeroso.

Embora as paisagens sejam de encher os olhos e os outros personagens também sejam visualmente impressionantes principalmente em suas expressões faciais e movimentos é em Kratos que o game encontra o seu primor visual. O Deus da Guerra é uma massa de músculos e poder, sendo que o design do personagem é todo imaginado para transmitir esta imponência, desde a forma como seus músculos se destacam entre as peças de armadura, até o modo como o ele sempre fica parada de forma tensa.

Porém, o mais impressionante são as expressões faciais do espartano e a forma como elas retratam o que o guerreiro está sentindo, algo que não me deixava tão surpreso desde Unchated 4. Suas rugas de expressão, a forma como ele grita após um golpe e o modo como olha para o filho, sempre carregado de um sentimento diferente, são impressionantes e um ponto central para a narrativa do game, pois sua direção faz questão de focar sua câmera muito perto do personagem, para que vejamos como cada evento do game o afeta.

"Pai, quem é aquele cara com martelo soltando faíscas?"

Os tempos de calmaria e exílio não amoleceram Kratos, que está mais poderoso e preparado do que nunca. O estilo hack and slash dos jogos anteriores é coisa do passado e o game deixou a agilidade de lado para investir em um combate mais lento, mas ainda cheio de possibilidades. Kratos mantém seus pés presos ao solo e durante os combates irá utilizar seus punhos, um escudo e seu machado Leviatã para enfrentar os inimigos, sendo que cada um destes elementos tem sua própria arvore de evolução e pode ser usado para diversos fins durante as batalhas.

Seu escudo é usado para defesa, mas também para desestabilizar os inimigos, enquanto seus punhos são melhor indicados para atacar os adversários imunes aos poderes do seu machado mágico, que já pode ser considerado uma das melhores armas já inventadas nos games. Além de ser utilizado nos inimigos, a arma também é usada em diversos puzzles que encontramos ao longo do game.

O nível de dificuldade é equilibrado e se não tomar cuidado você pode morrer até mesmo em um combate mundano. Porém, o jogo é “justo” e deixa que você se acostume aos poucos ao seu ritmo, elevando gradativamente o número de inimigos em tela, enquanto você adquire novas habilidades com os pontos de experiência ganhos ao longo de sua jornada. Conforme adquirimos novas habilidades, sentimos que estamos nos tornando cada vez mais poderosos, passando a utilizar poderes mágicos e ataques cada vez mais devastadores.

God of War (novo sistema de combate)

Redação Games4U

God of War (novo sistema de combate)

Atreus também é parte importante dos combates pois está sempre ajudando o pai e, embora não possa ser controlado diretamente, ele obedece aos nossos comandos, atacando inimigos, atirando em alvos distintos e nunca ficando em nosso caminho, sendo uma ajuda muito bem-vinda.

O game traz uma pegada de RPG muito acentuada e, além das habilidades que compramos para melhorar nossos poderes, também podemos equipar armaduras e itens em nossas armas, em um sistema que poderia ser menos confuso e burocrático, mas que funciona.

Pode parecer que estamos diante de um jogo completamente novo da franquia, mas quando paramos para olhar este God of War, vemos que ele não mudou tanto assim, pois mantém todos os elementos que o tornaram célebre, apesar de apresentá-los em uma nova roupagem.

A exploração ainda é parte essencial do game e mesmo que ela pareça mais aberta aqui, ainda é extremamente direcionada, sem contar que os combates continuam violentos e dramáticos apesar do ritmo ter diminuído. Kratos continua tão violento quanto antes, distribuindo sua fúria com machadadas, socos e dilacerando seus inimigos com as próprias mãos quando preciso.

O tempo passou e a jogabilidade de God of War se adaptou aos novos tempos, assim como sua narrativa mais madura e emotiva, que aprofunda o seu protagonista de uma forma que nenhum jogo conseguiu até então, mostrando um trabalho de amadurecimento não apenas do estúdio, mas do seu diretor e, espero, da própria indústria.

Já era hora do estúdio de Santa Monica trazer a série de volta, mas a tarefa não poderia ser feita sem que ela evoluísse, afinal, até os deuses tem que amadurecer. E isso vale também para o Deus da Guerra.

(Rafael Barbosa)

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