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12/04/2017

Fnal Fantasy XV

Final Fantasy XV

Xbox One, PS4 

Final Fantasy XV pode representar, para alguns, a despedida do modelo tradicional de RPGs - com combates conduzidos por turnos e inúmeros elementos de estratégia -, introduzindo o jogador aos sistemas mais dinâmicos, focados na ação, tão populares nos jogos mais recentes do gênero. O jogo em si, anunciado há 10 anos como Versus XIII (uma segmentação indireta de todo o pano de fundo de Final Fantasy XIII), mudou bastante daquilo que estávamos habituados a ver em trailers cinematográficos de algo que, agora sabemos, nunca seria lançado.

Para começar, ao contrário dos seus predecessores, FFXV não introduz as mecânicas de jogo com muita fanfarra. De uma forma direta e, por vezes bruta, você assume o controle do príncipe Noctis Lucis Caellum, herdeiro do trono de Lucis, a caminho de seu casamento com a amiga de infância Lunafreya Nox Fleuret, herdeira do Império de Niflheim. Essa caminhada é acompanhada pelos seus companheiros Gladiolus Amicitia, Ignis Scentia e pelo extremamente irritante Prompto Argento. Então, o príncipe descobre que seu futuro sogro executou uma armadilha que destruiu sua cidade natal, matando seu pai, o rei Regis. Agora, Noctis & cia. devem percorrer todo o vasto mundo de Eos em busca de armamentos sagrados, usados pela sua linhagem real, para reconquistar seu trono e reconstruir Lucis.

Um dos pontos característicos de Final Fantasy XV é como ele se preocupa em desenvolver seus personagens principais: isso se sobressai na relação entre os quatro amigos que, em vez de se valerem de um enredo como a única sustentação de seu relacionamento, engajam em conversas idilicamente mundanas, comuns a amigos que nós temos na vida real. Viajando pelo mundo, eles dormem em hoteis de beira de estrada, comem em restaurantes de postos de gasolina e, em meio à vida selvagem, acampam e trocam piadas ruins em meio ao fogo. Cada um tem uma habilidade especial, que reforça essa relação: Ignis cozinha para o grupo em acampamentos, Prompto é o fotógrafo que registra momentos do dia a dia, Noctis é um exímio pescador e Gladiolus é o explorador nato.

Parece besteira dedicar tanto espaço a atividades complementares dos personagens, mas a Square Enix amarrou-as de uma forma que você não tem como não mencioná-las: experiência e pontos de habilidade que, em outros títulos da série, conferem o famoso level-up rapidamente, não podem ser coletados até que você leve seu grupo para dormir, seja em acampamento, seja em hoteis. Isso traz uma nova visão de como implementar uma estratégia em um RPG: à noite, os monstros são bem mais fortes. Aí vem o dilema: continuo na estrada ou é melhor descansar e continuar com o nascer do sol?

O combate é onde FFXV ganha destaque: simplista em execução, apenas Noctis é controlável pelo jogador, mas o príncipe se vale de usar todos os tipos de armas do jogo, o que sugere uma adequação dos oponentes ao seu estilo de combate, forçando-o à constante adaptação. Com um botão para executar combinações, um para defender/esquivar e outro para teleportar-se em direção ao oponente (ou para fugir da luta se a coisa ficar feia), é possível encadear ataques entre Noctis e seus amigos, criando novas possibilidade, mais dano aos monstros - e animações incrivelmente belas, um testemunho à fluidez e sincronia que os quatro amigos possuem entre si.

Três detalhes pesam contra o combate, porém: a câmera trabalha bem em ambientes bem abertos, mas em locais mais enclausurados é comum ela se movimentar sozinha em busca do melhor ângulo e acabar parando atrás de uma parede, impedindo a visão do jogador sobre o que está acontecendo na batalha. Fora isso, a Square reduziu demais a variedade de magias: você conta com fogo, gelo e trovão (e suas variações de grau já conhecidas por quem é fã: “ira”, “aga” e “aja”) e efeitos diferenciados podem ser obtidos conforme você “mistura” itens à energia elemental que Noctis pode coletar de pontos específicos do mapa. Sim, você “cria” magias e elas são consumíveis, tal qual os itens. O problema é que a luta com armas se resolve tão bem que não há qualquer incentivo para que o jogador tente ser um bom mago.

E, finalmente: as notórias invocações tornaram-se incrivelmente aleatórias em FFXV. Eu mesmo não percebi muito bem o que faz uma invocação dar as caras: a princípio, parece que elas aparecem quando a sua situação é extremamente perigosa, ou se há um desnível muito grande entre você e seu oponente. Mas tive ocasiões nas quais eu estava indo bem, encarando monstros subdesenvolvidos e, de repente, o comando de Summon aparecia na tela, sem razão alguma.

Final Fantasy XV preza pela abertura de seu mundo, recheado de atividades auxiliares e side-quests que não só trazem mais experiência e habilidades, mas também reforça a proximidade entre os personagens. É interessante observar os pontos de vista de cada um durante uma caçada, com a inteligência artificial do jogo fazendo com que os personagens não controlados pelo jogador reavaliem suas estratégias em tempo real. Os três companheiros de Noctis, por exemplo, são perfeitamente capazes de derrubar monstros sozinhos.

Adicione isso à possibilidade de customizar o visual dos personagens, adquirir e modificar armas com o velho Cid (um nome constante em todos os jogos da franquia!) e atividades menos perigosas, como corrida de chocobos, e temos aqui um jogo que presta homenagens mais do que devidas aos seus precursores, mas sem medo de arriscar coisas novas para introduzir novos jogadores.

Vale aqui uma dica: sempre que passar em uma loja, veja se ela oferece as trilhas de outros Final Fantasy para você ouvir em seu carro no jogo. TODAS as músicas de todos os jogos da franquia - de FF1 até Dissidia, passando pelos online XI e XIV e até spin offs - estão lá.

Enfim, a Square Enix finalmente acertou a mão ao trazer um jogo denso, com um mundo gigantesco que pede para ser explorado, sem a linearidade chata de Final Fantasy XIII. É basicamente uma roadtrip com seus melhores amigos, na qual você explora, coleta, compra, come, vende, dorme, vive. Contudo, não chega a ser perfeito por pura bobagem da produtora: se os elementos mágicos se mantivessem intocados em vez de virarem itens consumíveis, certamente esse jogo teria o prestígio de Final Fantasy VII. Ninguém é livre de cometer erros, mas é bom ver que a Square está aos poucos chegando onde deve.

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