GAMES 4U
 
27/11/2018

Redação Games4U

Thaiga revela como se tornou analista da Superliga de LoL

E-Sports, Tiro, Multiplayer, MMO, PC 

A segunda temporada da Superliga não apenas está matando a saudade dos fãs brasileiros de League of Legends após o fim do CBLoL, como também trouxe uma grata novidade: a streamer Bianca “Thaiga” Lula em sua primeira aparição oficial como analista.

Em conversa com o ESPN Esports Brasil, a cuiabana contou que ser streamer não estava em seus planos até o ano passado, quando redescobriu League of Legends por conta de uma amiga, e que o caminho até aqui não foi fácil.

“Meu pai sempre me motivou a jogar videogame e me dava consoles, então sempre fui acostumada a jogos single-player. Então, lá por 2012, 2013 uns amigos insistiram para que eu jogasse League of Legends e eu odiei”, lembra ela. “Para mim, a mecânica do jogo era bizarra porque eu vinha de jogos bem diferentes, mas hoje em dia acho que isso faz parte do começo de alguém no LoL, mesmo”.

Depois de uma primeira experiência ruim com o MOBA, Thaiga continuou sua vida normalmente, mudando-se para São Paulo para fazer faculdade de Publicidade e Propaganda. Foi então que, em 2017, uma amiga que passava uns dias na casa de Thaiga insistiu para que ela jogasse League of Legends. O resultado foi diferente, e ela se viciou pelo jogo.

“Na época, eu estava no 6º ou 7º semestre da faculdade, mas minha amiga me contou sobre pessoas que faziam transmissões. Eu nem conhecia a Twitch antes, mas quando assisti pela primeira vez, vi que era algo que rodava muita grana e que eu podia tentar fazer”, conta. “Liguei minha stream pela primeira vez em agosto de 2017 e senti que era muito fácil de fazer aquilo, que era minha área”.

Thaiga comenta que seu período inicial como streamer foi bastante turbulento. Além de ter conseguido arranjar um emprego, também estava na reta final da faculdade e prestes a apresentar seu TCC. Por conta disso, costumava fazer suas transmissões “de um Mac velho com áudio estourado” somente aos finais de semana.

Apesar de ter um “futuro encaminhado” na área de Publicidade, a cuiabana já sabia que queria virar uma streamer em tempo integral. Foi então que viu que a ProGaming Esports buscava streamers para representar a organização, decidiu se inscrever e foi escolhida. “Eles apostaram em mim, pois eu trabalhava, estava chegando nos 4 mil seguidores, trabalhava e ainda usava o Mac para as transmissões, então a qualidade era muito ruim”, afirma.

Para Thaiga, foi só em junho de 2018 que sua stream “começou de verdade”. “Foi quando eu comprei um PC e periféricos, e a diferença foi gritante”, explica. “Na minha primeira fase de streams, eu estava trabalhando e só ‘streamava’ de final de semana, então conseguia uma média de 30 viewers com muito esforço. Quando consegui o contrato com a ProGaming, comecei a fazer streams todos os dias, mas com qualidade horrível, então tinha uma média de 50 viewers. No dia que mudei para o computador, peguei uma média de 120 viewers”.

Quando perguntamos por que ela acha que sua stream cresceu tão rápido e fez tanto sucesso, Thaiga diz que é porque soube “criar uma comunidade”. “Acho que eu tenho uma boa personalidade para criar uma comunidade. A gente sempre conversa sobre tudo e nunca precisei banir ninguém quando toco em assuntos mais delicados como feminismo, por exemplo”, conta. “E a evolução também é muito boa, porque o público quer ver você crescendo”.

Durante a entrevista, Thaiga revelou que um dos maiores desafios que enfrentou após decidir se tornar uma streamer em tempo real foi com os pais. Por ser publicitário, o pai da cuiabana esperava que ela seguisse os mesmos passos que ele, mas foi surpreendido com a decisão da filha de desistir da carreira para “transmitir joguinhos no computador”.

“Foi um baque muito forte para os meus pais. Eles não gostaram nem um pouco da ideia”, lembra a streamer. “Mas eu disse para eles que era isso que eu queria fazer da minha vida e que ‘streamar’ não estava tão longe assim da área de publicidade. Inclusive, acho que Publicidade é um dos melhores cursos para um streamer, porque você usa várias partes importantes [do curso]. Sinto que entrei muito preparada desde o primeiro dia”.

Thaiga afirma que precisou conversar muito com os pais e recebeu muitos “nãos” até conseguir convencê-los de que ser streamer era uma carreira. “Tive até que fazer uma apresentação de slides, porque eles não estavam entendendo o que eu estava falando”, revela. “Na apresentação, coloquei os números e o impacto da Twitch, falei sobre o time que eu ia representar [a PRG] e também sobre números do mercado de games, que eu já havia estudado na faculdade”.

A cuiabana também confessou que a decisão de ser streamer foi a primeira que a deixou nervosa e tirou seu sono. “Era o que eu tinha decidido para a minha vida, e pela primeira vez meus pais não me apoiaram logo de cara”, conta.

Depois de muito trabalho (e da apresentação), a streamer diz que os pais passaram a entender melhor e até a apoiam - principalmente a mãe. “Ela era quem menos queria aceitar no início e me achava louca, mas hoje em dia ela comenta com as amigas sobre meu trabalho e me indica para quem procura pessoas que falam sobre games. É uma fofa”, garante.

“Já meu pai ainda ficou um tempo perguntando quando eu iria voltar a estudar, fazer uma pós. Então da última vez que fui para Cuiabá, tivemos uma conversa mais ‘business’ sobre números, perspectiva de vida, popularidade, e ele está mais de boa”, complementa.

Perguntamos se agora os pais costumam acompanhar o trabalho dela, mas Thaiga confessa que não muito. “Eles não acompanham direito porque não entendem o jogo. Quando eu estava na faculdade, eu tinha um canal de anime e meus pais sempre assistiam porque era um modelo mais fácil de apresentação, mas League of Legends é mais difícil de aprender. Eles veem mais quando dou alguma entrevista ao vivo ou algo do tipo e me fazem passar vergonha nos comentários”, brinca a streamer.

Chegamos então ao assunto principal da entrevista: o que fez Thaiga decidir se tornar uma analista? De acordo com a streamer, ela começou a acompanhar o competitivo de League of Legends até antes de fazer suas transmissões e sempre se interessou pela parte técnica da coisa. “Nunca tive interesse em ser jogadora profissional, mas quando vi uma pessoa explicando a loucura que acontecia no meio de uma teamfight, achei incrível. É a parte mais difícil, mas também a mais divertida”, explica.

Eefje “Sjokz” Depoortere, caster e apresentadora da liga europeira de League of Legends

Tendo a belga Eefje “Sjokz” Depoortere, da liga europeia, como inspiração, Thaiga diz que começou a fazer análises de partidas competitivas em suas streams junto ao público e que foi tomando gosto pela coisa, mas que não esperava que uma oportunidade surgisse para ‘trabalhar oficialmente’ porque já estava fazendo isso há um tempo e “é uma área difícil no Brasil”. Foi então que a chance de participar da Superliga apareceu.

“A oportunidade surgiu meio que de última hora, e acho que o pessoal da organização estava um pouco inseguro porque o risco de colocar alguém inexperiente como eu era muito alto”, revela. “Fiquei um pouco assustada com a insegurança das pessoas, então eu sabia que precisava fazer tudo ‘para dar bom’, e deu”.

“Desde o primeiro dia o pessoal da organização elogiou meu trabalho, e para mim é uma realização pessoal”, continua. “Fiz tudo que eu esperava que eu fizesse, então para mim não foi muita surpresa eu ter ido bem, e a recepção do público foi bem legal. Eu esperava levar um pouco mais de ‘hate’ por ser mulher em uma parte mais delicada, mas o pessoal me recebeu bem”.

Para o trabalho de analista, Thaiga detalha que costuma assistir ao máximo de partidas que consegue do competitivo de diferentes regiões, mas que costuma se focar mais em números e que tem uma memória boa para isso. “Por exemplo, se tem um jogador novo na Superliga, eu procuro todo o histórico dele. Também leio todo patch novo para depois ver quais são os itens com melhor rendimento, a taxa de vitória, derrota, picks e bans de campeões”, diz.

Quase um campeonato “natalino”, a Superliga termina em 23 de dezembro. Depois disso, perguntamos o que Thaiga pretende fazer em sua carreira. Segundo ela, as streams continuarão sempre - até porque teve muito trabalho para convencer os pais -, mas que ser analista “é seu novo xodó” e que acredita ser possível conciliar os dois, pois um “agrega ao outro”. “Então meu plano para o futuro é me estabilizar mais ainda em ambas as áreas”, crava.

(Daniela Rigon / ESPN Brasil)

 

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