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Confesso que é meio difícil separar as memórias emocionais de uma visão mais técnica quando se faz a análise de um game como Crossing Souls. O fato de o jogo ser uma verdadeira viagem à cultura pop dos anos 1980 já seria um belíssimo apelo por si só, mas o design em pixel art, as mecânicas de ação oitentistas e a avalanche de referências espalhadas pelo cenário fazem com que a gente vicie no game e não queira parar até desbloquear todas as regiões fechadas do cenário.
Lançado agora em fevereiro de 2018 para PC, PlayStation 4 e PS Vita, o título custa meros R$ 28,00, que é um valor bem razoável para um bom jogo indie. Desenvolvido pelo estúdio espanhol Fourattic e lançado pela editora Devolver Digital, o game tem ação ambientada na ensolarada Califórnia de 1986, quando o grupo de amigos formado por Chris, Matt, Charlie, Big Joe e Kevin vive o verão de suas vidas depois de descobrir um artefato misterioso, cujos poderes eles não entendem completamente, mas que irão mudar suas vidas para sempre. Não faltam conspirações secretas do governo e um misterioso general do exército americano. Soou familiar? Pois é… As referências à série Stranger Things e a filmes como Stand by Me (Conta Comigo), E.T. O Extraterrestre, Goonies e Ghosbusters (Os Caça-Fantasmas) estão espalhadas por todos os cenários.
A mecânica do game em si é claramente inspirada em Streets of Rage e Battletoads, apenas para ficar nas mais latentes dos clássicos do passado. Mas até a busca pela identificação das referências acaba se tornando parte da diversão do jogo.
Com legendas em bom português, o game começa com uma cutscene que parece ter saído diretamente de um velho VHS, com direito até a chuviscos na imagem. Depois que o filminho introdutório acaba, é hora de explorar os cenários para entender melhor o contexto do enredo. Como estamos aí em plenos anos 1980, na casa do protagonista encontramos um Genius, pôster do “Rei do Pop” e até uma BMX, a bike mais querida da época. No fliperama próximo à casa principal, encontramos um arcade do Polybius (veja nosso artigo Polybius: o game causou suicídios e sumiu sem deixar rastro). Tem tanta referência legal espalhada pelos cenários que às vezes a gente até esquece de partir para a ação.
Assim como na série Stranger Things ou mesmo no clássico Stand by Me, você alterna entre os cinco protagonistas na hora de cumprir alguma quest e, muitas vezes, a solução de um puzzle “exige” que você use as habilidades específicas de um dos personagens. Mas o próprio jogo acaba dando pistas de qual personagem escolher, especialmente através de diálogos meio bobos que, sejamos sinceros, parecem realmente saídos de algum filme de John Hughes.
O enredo do game não parece se importar muito com a profundidade da história. Mas, amigo, Crossing Souls é tão divertido, tão viciante e tão cheio de referências divertidas que tudo isso accaba virando detalhe. Mesmo!
(Fernando Souza Filho)